domingo, 16 de novembro de 2008

2010 Odisseia Terra

Aquecimento Global HUMOR

Blog sobre Área Projecto

endereço http://area-de-projecto.blogspot.com/

XIV Olimpíadas do Ambiente 2008-2009

Olimpíadas do Ambiente (OA) tem o prazer de anunciar o lançamento de mais uma edição do projecto.
As OA constituem uma sólida e dinâmica opção, para motivar a efectiva integração dos conceitos e práticas ambientais no ensino formal, nas escolas portuguesas. Esta iniciativa tem uma larga abrangência na comunidade escolar, sendo destinada a alunos do Ensino Básico e do Ensino Secundário e a professores de todas as escolas nacionais.Promovendo a Educação para o Desenvolvimento Sustentável, o projecto pretende que jovens e professores aprofundem o conhecimento sobre a situação ambiental portuguesa e mundial, desenvolvam competências para investigar e resolver problemas ambientais e adoptem comportamentos que protejam o Ambiente.Mais do que um concurso, as OA pretendem dotar os participantes de conhecimentos que sejam aplicáveis nas práticas do dia-a-dia. Durante as fases do projecto são apreendidos conceitos e adquiridas ferramentas que contribuem para a construção da sustentabilidade local. Os jovens que passam pela experiência são capazes de efectuar escolhas mais conscientes e estender as boas práticas adquiridas a toda a comunidade envolvente.O projecto, organizado pelo Instituto INTERVIR MAIS da Universidade Católica Portuguesa, Quercus e Zoomarine, é reconhecido pela Presidência da República, que atribui o seu Alto Patrocínio. As diversas edições anteriores envolveram já mais de 325.500 alunos e milhares de professores, entre outros agentes educativos e parceiros.Assumindo um formato inovador, a 14ª edição da iniciativa pretende despertar cada vez mais o interesse da comunidade escolar, para as questões ambientais. Foram, para isso, desenvolvidas novas modalidades de participação para os alunos, contando ainda com a possibilidade de participação individual dos professores e escolas:

Ambiente à Prova - À semelhança de anos anteriores, os alunos são desafiados a testar os seus conhecimentos sobre o Ambiente.
Ambiente e Cidadania - Os Professores são desafiados a apresentar as acções (com reflexo no Ambiente) que idealizaram e promoveram na comunidade escolar.
Ambiente e Arte - As Escolas são desafiadas a criar, graficamente, o cartaz das XV Olimpíadas do Ambiente (2009-2010).
As inscrições encontram-se abertas e poderão ser efectuadas até ao dia 19 de Dezembro 2008, através desta página de Internet.Consulte o Regulamento e inscreva a Escola http://www.esb.ucp.pt/olimpiadas/

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O pior foi lembrar tudo sem as drogas


"O pior foi lembrar tudo sem as drogas"

PATRÍCIA VIEGAS

Aos 12 anos já matava. Aos 26 quer salvar crianças da guerra
"O pior foi lembrar tudo sem as drogas"
Ishmael Beah sabe que é um rapaz com muita, muita sorte. É um dos poucos ex-meninos soldados da Serra Leoa totalmente reabilitados. Teve a oportunidade de estudar e de voltar a fazer parte de uma família. Hoje consegue conviver com o passado e faz questão de usar a sua sorte para ajudar outros como ele e chamar a atenção do mundo para o uso de crianças em conflitos armados. "O que fiz com a minha sorte foi lançar uma fundação com o meu nome que ajude as crianças e escrever um livro com a minha história", conta numa entrevista ao DN, com o ar cansado de quem termina em Portugal um mês de promoção editorial por vários países da Europa. No livro, Uma Longa Caminhada: Memórias de um Menino Soldado, conta como viveu uma infância de Kalashnikov ao ombro, matando pessoas, roubando, drogando-se para não sentir. "A combinação das drogas [marijuana e cocaína com pólvora] dava- -nos muita energia e tornava-nos violentos. A ideia da morte nunca me passara pela cabeça e matar tornou-se tão fácil como beber um copo de água. A minha mente não só parou durante a primeira morte, como também parou de sentir remorsos, ou pelo menos assim pareceu." Esta é uma das muitas descrições que Ishmael faz no livro, para explicar como passava os dias depois de ser recrutado à força pelo exército, quando tinha apenas 12 anos. O seu inimigo principal eram os rebeldes da Frente Unida Revolucionária (RUF) que, disseram-lhe, tinham matado os seus pais e irmãos. "Os nossos recursos vinham da luta com os outros grupos. Nós atacávamos quem tinha armas, drogas, comida ou potenciais recrutas", conta num luxuoso hotel lisboeta, enquanto autografa um caixote de livros. Após três anos de luta, foi resgatado por funcionários da UNICEF. "Não sei que tipo de acordo tinham com o exército para que eles deixassem ir crianças como eu. Talvez o facto de saberem que um dia a guerra iria acabar e eles iriam querer beneficiar de uma amnistia", diz, esclarecendo ser apenas uma hipótese. Quando chegou ao centro de reabilitação de Freetown, a capital, comportava-se como um delinquente, agredindo funcionários e vendendo na rua o material escolar. No início pensou em voltar. "A lavagem cerebral funcionava tão bem que eu não via mais nada. Estes grupos eram como a nossa família depois de a nossa família ser morta." Não suportava ouvir que a culpa do que aconteceu não era dele. "Nós sentíamos que éramos soldados e dizerem-nos isso, na altura, era quase como um insulto. Era estarem civis a dizer que afinal nós não tínhamos o poder que pensávamos."O momento mais difícil da reabilitação, lembra, foi a desintoxicação. "O pior foi lembrar-me de tudo sem as drogas. Foi muito duro sentir a dor e tomar consciência plena daquilo a que havíamos pertencido e das coisas brutais que tínhamos feito." No livro lembra alguns episódios: "À noite, alguns acordavam com pesadelos, a bater com a cabeça nas paredes para expulsar as imagens que continuavam a atormentar mesmo quando já não estávamos a dormir. Os auxiliares estavam de guarda para controlar as explosões. Mesmo assim, todas as manhãs alguns eram encontrados escondidos nas ervas junto ao campo da bola." Foram vários os dias que passou no hospital de Freetown, onde na altura a guerra ainda não chegava, acabando por travar amizade com uma enfermeira, Esther, que lhe emprestava o walkman para ouvir cassetes de música rap e reggae. O tio, que desconhecia ter, acolheu-o e incentivou-o a ir falar nas Nações Unidas. Apesar de só acreditar que estava realmente em Nova Iorque quando recebeu um telefonema em que Ishmael contava que tinha visto coisinhas brancas a cair do céu.Foi nesse encontro de crianças vítimas da guerra que travou conhecimento com Laura Simms, contadora de histórias de profissão, que lhe enviaria dinheiro para Freetown e o ajudaria a fugir, primeiro para a Guiné Conacri, depois África do Sul, Costa do Marfim e, por fim, Nova Iorque. "Esta é hoje a minha casa longe de casa. Eu saí da Serra Leoa em Setembro de 1997 e cheguei aos EUA em Junho de 1998", explica Ishmael, hoje com 26 anos, filho (único) adoptivo de Laura. "Ela não queria que eu voltasse para a guerra e ajudou-me. É por isso que acho que tive sorte. Muitos dos meus amigos que voltaram não sobreviveram e outros tiveram de ir novamente para a reabilitação", conta, acrescentando que os programas "podem ser melhorados para se adaptarem ao trauma de cada pessoa e oferecerem oportunidades para ajudar a refazer vidas. É óbvio que no início há erros. No entanto, eu apoio estes programas de reabilitação como o da UNICEF".Apesar de quase não fazer referências ao contexto político no livro, "porque queria mostrar como as pessoas que menos têm que ver com a política eram as mais severamente afectadas pela guerra civil", o ex-menino soldado serra-leonês formou-se em Ciências Políticas. Aceita, por isso, falar do pós--guerra e do futuro dos países africanos. " É positiva a prisão de Charles Taylor [antigo presidente da Libéria acusado de crimes de guerra por armar as milícias da Serra Leoa com o objectivo de explorar os diamantes]. Mas é preciso fazer muito mais para que seja criado um efeito dissuasor."Questionado sobre o que a Europa poderia fazer no sentido de ajudar África a desenvolver-se e a evitar genocídios ou o recrutamento de menores para conflitos armados, enumera três aspectos: "Não vender armas a estes países, não deixar os líderes corruptos ter contas em bancos europeus, instalar a indústria ligada à exploração de matérias-primas como os diamantes nos próprios países, criando emprego em vez de ir apenas lá explorar." Numa frase resume o que é preciso: "A vontade política é a solução em si mesma."A noção de que é preciso fazer mais, muito mais para lutar contra a indiferença com que o mundo olha para África e para os seus mortos, leva Ishmael a endurecer o tom. Numa conferência, em Paris, afirmou que não participaria noutro evento do género com as mesmas pessoas, caso não cumprissem as promessas. "Não vamos desperdiçar tempo", diz, ensaiando uma expressão irónica e realçando, porém, aspectos positivos como a libertação das crianças-soldado no Chade. E remata: " O mais importante de tudo é não desistir, porque senão acontece o pior, que é cair no esquecimento das pessoas".

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Artigo JN:AS CRUELDADES DO AQUECIMENTO GLOBAL



AS CRUELDADES DO AQUECIMENTO GLOBAL DANIEL HOWDEN* *Exclusivo DN/The Independent

As mudanças climáticas custam 70 mil milhões
Aqueles que emitem menos gases que provocam o efeito de estufa são os que mais sofrem com as mudanças climáticas. Mas os responsáveis pelos maiores estragos recusam-se a pagar a conta.Os glaciares do Peru estão a derreter. Nas altitudes dos Andes, estranhas tempestades de granizo e períodos de frio intenso estão a gelar os lamas até à morte. No Norte do Quénia, secas sem precedente levaram os pastores a batalhas mortais por uns escassos furos de água. Nas montanhas do Tajiquistão, perto da fronteira com o Afeganistão, cheias e deslizamentos de terras destroem as colheitas. Por todo o mundo civilizado, as mudanças climáticas provocadas pelo homem são uma realidade indiscutível e estão já a atingir violentamente os países mais pobres. Historicamente, o aquecimento da atmosfera tem sido o resultado de emissões de CO2 (dióxido de carbono) por parte dos países industrializados, mas os cientistas estão de acordo em afirmar que o aquecimento global já é uma realidade, os países que menos poluíram são os que já estão a ser mais atingidos.Além dos passos imediatos para reduzir as emissões, são necessários 70 mil milhões de euros anualmente para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentarem os enormes custos da adaptação a uma mudança climática para a qual pouco contribuíram, segundo um relatório da Oxfam. "Os países em desenvolvimento não podem e não devem pagar a conta das emissões dos países ricos", disse Kate Raworth, cientista sénior da Oxfam e autora de renome.A última oportunidade para o mundo desenvolvido tomar medidas em relação às emissões de gases com efeito de estufa que estão a provocar as mudanças de clima começou na Alemanha, numa reunião do G8, grupo dos países mais ricos, que que decorreu entre 6 e 8 de Junho em Heiligendamm, na costa alemã do Báltico. A Alemanha, apoiada pela Grã-Bretanha e pelo Japão, lutou por um compromisso por parte de todos os membros para que as respectivas emissões de CO2 sejam reduzidas a metade até meados do século e um compromisso para conseguir limitar o aquecimento global a 2oC. Mas estes esforços parecem bater contra uma parede com o formato da firme oposição dos EUA. Um esboço de comunicado de antecipação à cimeira do G8 sugeria que os Estados Unidos da América estão decididos a rejeitar qualquer progresso real na mudança climática. "Os EUA têm ainda reticências sérias e fundamentais acerca deste esboço de declaração", diz a nota. "O tratamento das mudanças climáticas está contra a nossa posição no geral e ultrapassa múltiplas 'linhas vermelhas' no respeitante a coisas com que nós, simplesmente, não podemos concordar."Novo acordoOs EUA, com menos de 5% da população mundial, são responsáveis por perto de um quarto das emissões globais. São seguidos pela China e depois pela Indonésia e pelo Brasil - cujas emissões são causadas pela desflorestação -, e depois pela Rússia e pela Índia. Os EUA recusaram-se a ratificar o acordo internacional sobre as reduções, o Protocolo de Quioto, dizendo que não podiam pôr em perigo a sua própria economia.Esse acordo, que está a pedir cortes mais modestos, expira em 2012 e a chanceler alemã, Angela Merkel, tem estado determinada a usar o G8 como um primeiro passo para uma negociação de um novo acordo "filho de Quioto" na cimeira das Nações Unidas sobre o clima, em Bali, no corrente ano.Tony Blair, que sairá do Governo no próximo mês, tem estado desesperado para obter uma cedência sobre as mudanças climáticas por parte da Casa Branca para selar o seu legado, mas, até agora, apenas obteve concessões retóricas por parte do seu mais próximo aliado. A América tem tido tendência a referir a ausência da China e da Índia do Protocolo de Quioto como razão para ficar de fora dos acordos internacionais, enquanto Nova Deli e Pequim apontam a responsabilidade histórica do Ocidente nas emissões como razão para rejeitar os cortes. Japão muda de ladoUma mudança de atitude drástica do Japão, o qual se uniu aos países da União Europeia no pedido de uma redução de 50% nas emissões até 2050, parece ter insuflado uma nova vida às negociações, mas os diplomatas têm vindo desde aí a baixar as expectativas.Enquanto os primeiros dois pontos dos cinco do comunicado da cimeira - a necessidade de um compromisso para limitar o aumento da temperatura média e o estabelecimento de um esquema global para o negócio do carbono - são os mais problemáticos, pode haver espaço para que haja progresso em relação aos restantes pontos. Estes incluem o combate à desflorestação, o desenvolvimento de novas tecnologias verdes e fundos de adaptação para países em desenvolvimento. A Oxfam disse que a estimativa de 70 mil milhões de euros anuais para suprir os custos da luta contra as mudanças climáticas nos países mais pobres é baixa. Até agora, os países do G8 destinaram um total de 268 milhões para ajudar a adaptação dos países em desenvolvimento, uma quantia menor do que a destinada à melhoria dos sistemas de refrigeração do Metropolitano de Londres.O relatório Adaptação às Mudanças Climáticas classifica os países com base nas suas responsabilidades pelas emissões de carbono entre 1992 e 2003 e na sua capacidade para pagar, baseada na respectiva posição no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (Organização das Nações Unidas): os EUA seriam responsáveis por suprir perto de 44% dos custos de adaptação dos países em desenvolvimento; o Japão cerca de 13%; a Alemanha, mais de 7% e os Reino Unido mais de 5%."A justiça exige que os países ricos paguem pelo mal que já foi causado àqueles que são os menos responsáveis pelo problema", disse Raworth. "Isto não tem a ver com ajuda; tem a ver com os maiores e mais ricos poluidores do mundo cobrirem os custos infligidos aos mais vulneráveis, uma responsabilidade acrescentada totalmente diferente.